sexta-feira, outubro 22, 2010

Desabafo do dia

Mas afinal o que é um rating? Alguém iluminado me explica o que essa merda é? Come-se? É que passo os dias a ouvir falar em agências de rating, que pelos vistos são como professores que dão notas aos países e aos bancos e ao que mais lhes apetecer.
Ele é um A, um AA++ ele é um E-. E supostamente esta escala que de cientifica tem precisamente zero, influência a economia e os investidores. Alguém me sabe dizer qual era o rating do AIG e o do Lehman Brothers no dia anterior a irem com o c@r@lho? Não sabem? Então eu digo. Tanto a Moody's como a Standard & Poor's como a Fitch, aquelas que são mais citadas diariamente nas nossas notícias tinham ratings de pelo menos A para o dois grupos que colapsaram. A Moddy's que tinha um rating de AAA tanto para a AIG como para o Lehman Brothers e baixou o rating para AA apenas minutos antes de irem as duas de pinote.

Os ratings são notas abstractas sobre um conjunto de dados voláteis e que não são um verdadeiro reflexo do que é a realidade. Hoje podemos ter um rating de A amanhã de Z, e a única diferença é que temos mais 8 horas de sono. Fazem-nos crer que o rating subir ou descer é importante e reflecte a forma como investidores estrangeiros vêm o nosso país.
Não reflecte nada.
Que investidores são esses? Que negócios é que eles iam fazer e que deixaram de fazer?
Já quando foi o negócio PT/Telefónica foi descrito um cenário dantesco quando o governo usou a golden share. Ouvi economistas a prognosticar o fim do mundo conforme o conhecemos, porque depois de o governo fazer uma enormidade daquelas jamais alguém de fora confiaria em Portugal para fazer negócios. E o que é que aconteceu depois disso? NADA. Tudo na mesma, nenhum investimento foi cancelado por causa disso, nem nenhum investidor deu mostrar de deixar de ter confiança em Portugal em futuros negócios.

Todos os dias somos empatranhados pelos ouvidos por pessoas que percebem de economia a molhos mas que não foram capazes de prever a crise que se deu. Todos os dias vemos quem é dono de bancos dizer que com a crise é difícil conseguir crédito lá fora, mas que quando estiveram na merda por causa dos erros gravíssimos que cometeram tiveram o dinheiros dos contribuintes para os garantir. E quem é que garantiu os contribuintes que sem mais nem menos deixaram de conseguir pagar os empréstimos que tinham? Enquanto o Zé Povinho é irresponsável porque contraiu créditos que não podia pagar ninguém responsabiliza quem lhes emprestou dinheiro sabendo que o Zé não podia pagar. Quem é que responsabiliza os bancos que investiram em negócios irresponsáveis que lhes rebentaram na tromba? Quem os garantiu fomos nós, mas ninguém os chama à responsabilidade.

E assim vivemos na tirania dos que fazem rating de nada e dos que percebem de economia, dos que não prevêem crises mas sabem exactamente como as solucionar, mesmo que a crise teime em não lhes dar razão dia após dia. Vivemos na tirania dos títulos de dívida, e do FMI. Mas o mais incrível na tirania em que vivemos é que não é real, porque na verdade ninguém mostra números, nem cálculos que justifiquem e coordenem algo que é tão tangível como é o dinheiro. Esta tirania é tão surreal que existe quem viva de comprar e vender acções, sem criar nem produzir nada, parasitas que fazem dinheiro do nada, como se o dinheiro pudesse magicamente multiplicar-se.

Estou farto desta tirania e de ratings que não significam nada.

Sem comentários: