segunda-feira, março 14, 2005

Dias banais

Não se pode fazer nada ou talvez possa, mas a verdade é que eu não sei o que.
Sou bastante parvo, acho que deve ser por aí.





A violência… não era necessária mas era justificada.
Risota.
Umas sombras passam por mim, apenas sombras… até que… sangue, um sangue vermelho que se desvanecia num rosa meio choque. Foi um choque, foi o sangue que me tocou enquanto corria a meu lado sem eu lhe ligar.
Quase alheado…
Voltei a tocar no sangue… não sei porque. Só porque sim, num gesto desajeitado, como sempre.
Mancha lavada quando de novo, sem aviso, uma viragem e mais sangue.

Uma pantera, e alguém que me serve um copo.
Procura-se por um porto de abrigo que sabemos ser amigo… hoje não dá…
Siga. A pantera, que se devia ter embrenhado na selva saltou, por detrás de um balcão, a cheirar, a tocar… talvez não tocar… roçar talvez, tocar com os bigodes, um olhar furtivo de quem caça mas não sabe o quê. Talvez o cheiro a sangue que continua a rodear-me, ignorando-me e a coagular.

“há muito que não se via uma coisa assim…”
li algures.

Mexo-me e tento não me mexer muito, um pico de adrenalina e o sol. Riu-me a gosto e muito, um menu de rissol e café, um Fiat Uno com mala e quatro piscas. Mais riso. Quando o fim se aproxima, o sangue, que tinha sido lavado à pouco mas com naturalidade, estava ali, afinal, a correr num fiozinho despreocupado, fininho.
O inesperado não acontece e no meio de risota dirijo-me para mais um dia banal.

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