domingo, agosto 27, 2006

Bóia

Caem-me pingos grossos na cabeça, a grande velocidade devido à bem-vinda pressão do chuveiro. A água escorre-me pela cara e tenho uma rápida sucessão de pensamentos em analogia.

A sensação da água faz-me lembrar afogamento, e surge-me então a analogia entre o afogamento e os problemas que todos enfrentamos no dia-a-dia. Tal como quando a água nos ameaça levar para baixo e encher os pulmões com agoniante dor as pessoas reagem de formas distintas aos problemas, umas lutam apenas por um breve momento de instinto natural e depois entregam-se a uma força superior, outros lutam porque n conseguem pensar em mais nada a não ser que um gajo afogar-se é chato e ainda por cima já há coisas combinadas para amanhã, e depois há os que lutam como se a vida depende-se disso… e depende, esbracejam e acabam por, nem que seja a nadar à cão arranjar pé para poder voltar à segurança de um areal tranquilo.

Também arranjo analogia para as pessoas que assistem ao afogamento. Uns passaram na praia e olham sem se importar muito, pensando apenas “coitado” e seguindo em frente, outros olharam preocupados parando o passeio e olhando em volta à espera que alguém o vá ajudar, alguns entrarão na água até à cintura, a gritar mas não passam daí porque num afogamento ou se sabe o que se está a fazer ou corremos o risco de nos afogar também. Por último haverá quem vá mesmo em frente, nade até se agarrar ao desesperado que num gorgorejar de aflição pede ajuda e o puxa para terra de uma qualquer maneira, não importa qual.

Já viram como tenho pensamentos estúpidos?!!?

Saio do banho arranjo-me e vou direito ao trabalho com “A dama do sinal” do Ornatos na cabeça.

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