quinta-feira, outubro 12, 2006

Dia

Há dias que realmente nos mostram muita coisa. Mas como desses há poucos vou falar de um dia que não me mostrou grande coisa. Apenas falta de civismo.

Saída de casa e espera na paragem do autocarro, alguma gente à espera e assim que o autocarro pára todos se atiram à porta discutindo quem chegou primeiro à paragem com berros estridentes e palavrões à boca cheia. O mais engraçado é que o autocarro estava longe de estar cheio e quase havia lugares sentados para todos.

À saída do autocarro novo filme, porque vários foram os que se dispuseram à frente nas portas porque aquela 3ª paragem a contar desta em que têm que sair é muito traiçoeira. Quem tiver que sair já nesta ou nas outras entretanto que vá pela frente.

Escada rolantes no metro e lá estão várias pessoas a fazer algo que muito me irrita que é achar que as escadas são para ser usada a toda a largura por elas, isto quer dizer que, se forem acompanhados vão lado a lado, sozinhos vão a meio com uma mão em cada corrimão. À entrada no metro novo filme de correria para arranjar um lugar sentado, empurrões, caneladas e arrancar olhos, vale tudo.

Saída do metro, algo porque todos já passaram algum dia... as portas abrem-se e parece que continuam fechadas porque existe um muro de gente do lado de fora que pensa claramente que aquela paragem é só para embarque de passageiros e portanto ali ninguém vai querer sair, amontoam-se junto à linha amarela esperando ter escolhido mesmo o centro de abertura das portas, se isso não acontece corrigem rapidamente a posição assim que o metro pára para ficarem mesmo à frente. Como uns meros “desculpe”, “com licença”, não se vai a lado nenhuma lá se tem que levar na frente 3 velhinhas, 2 velhinhos, uma gaja de saltos altos e um tipo malcheiroso de fato de gravata tendo no final que ouvir o “calma lá”, “não precisa de levar as pessoas na frente”, “que estúpido”… e realmente n havia necessidade daquilo, mas eu queria mesmo era sair no Saldanha que Picoas ficava fora de mão.

Saída da estação de metro mais do mesmo nas escadas rolantes.

Vejo o sol fora da estação e penso que estou finalmente livre dos transportes públicos. Que alívio. Mas assim que viro à esquerda deparo-me com uma aberração, uma estrada só com faixa de rodagem e estacionamento, sem passeio. A minha mente ficou confusa e só com alguma atenção consegui perceber que afinal antes havia passeio mas não havia estacionamento, claramente isto é errado e assim sendo é por o carro no passeio e os peões que vão pela rua do lado que lá é mais fácil.

Eu, preguiçoso como sou não quis ir pela rua do lado e fui mesmo na faixa de rodagem, encostadinho aos carros, na rua seguinte os carros não ocupavam o passeio todo e eu pensei logo: “epah, isto está a correr bem” mas logo me deparei com o síndrome das escadas rolantes na sua estirpe passeios apertados. O que é que é isto? Todos vocês também sabem porque já algum dia passaram por isso. Vão num passeio com alguma pressa e à vossa frente duas pessoas, calmamente caminham ocupando toda a largura do passeio, o que vêm atrás que se lixem os da frente são olhados com ar furioso porque eles acham que não têm que se desviar e então fazem aquele semi-gesto com o ombro como quem se desvia mas na realidade nem um centímetro de mexe e obriga a outra pessoa que vem de frente a encostar-se à parede ou a ir para a estrada.

Lá fui eu para a estrada. Mesmo a chegar ao destino encontro o típico fã do slalom, é aquele que não se põe ao lado da pessoa que vai também no passeio porque não a conhece mas coloca-se mesmo atrás da lado o posto do passeio, o que obriga os que vierem com mais pressa de trás a fazer curvas apertadas entre pinos humanos.

Já lá vai o tempo em que cuspir para o chão é que era não ter civismo, hoje em dia isso é para meninos porque quem é grande tem maneiras muito melhores de não demonstrar ponta de consideração por todas as outras pessoas.

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