Tornei-me cínico para o mundo. Riu-me várias vezes por dia, mas poucas são as que riu de prazer. Quase sempre riu com escárnio da má piada que é aquilo que me rodeia.
A experiência tornou-me de pedra. Sou duro como um calhau arredondado pela água, onde as arestas mais fracas foram apagadas.
A ingenuidade de quem sonha já não habita em mim. E eu sonho, sonho muito. Mas até o mais brilhante sonho se torna um pesadelo quando acordo para a realidade opressiva que vivo.
Estou frio por dentro. Não há calor que me toque e me aqueça o sangue. Vivo do passar do tempo sem me emocionar. Choro cada vez mais. Mas é um choro estéril, desprovido de sentimento que apenas aparece como instinto, resquício de um ancestral sentido que não foi totalmente obliterado pela evolução.
Hoje sou de pedra.
2 comentários:
Lembras-me alguém...
Acontece alguns dias. Espero que seja apenas um hoje no meio de uma profusão de ontems e amanhãs.
Gostava de pensar que sim.
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