quinta-feira, maio 10, 2007

Seco

Há pessoas que são como uma esponja, e absorvem o que as rodeia. O bom, mas infelizmente também o mau. E incham com o que absorvem de todo o lado. Consomem o que encontram, de forma impávida e sem remorsos, como se tudo tomar sem nada dar em troca fosse normal, uma consequência normal da existência que têm.

Quase todos os que passam mais perto são espremidos, não porque queiram mas sem que resistam até que se sentem secos. É nessa altura que a consciência toma conta do que já foi levado, e cada um se blinda para evitar acabar em pó.
Sinto-me seco e custa voltar a encher, com o cuidado de não me deixar outra vez secar por algum processo de osmose indesejado.

Mas eu sou apenas um reflexo daquilo que um buraco negro de sentimentos pode fazer. Arrebatar tudo o que surge, do sorriso ao riso, do pequeno gesto ao total empenho e continuar a faze-lo sem fim, pensando que o que desapareceu de nada servia e partindo em busca de mais noutras paragens.

Talvez nem quando um dia se instalar o deserto em redor uma personalidade esponja se aperceba de que absorveu sem razão, mas sentir-se-á seca.

2 comentários:

Ana A. disse...

Tu chamas-lhe esponja, eu chamo-lhe vampiro.

cmfm disse...

Digo esponja apenas porque acredito que algumas destas pessoas nem se apercebam. Não o fazem por mal. É inerente á sua condição.

E daí... talvez tudo isso se aplique a um vampiro também.