sábado, maio 17, 2008

Aparições


A semana passou e terça-feira foi dia 13. 13 de Maio. Mais um dia no calendário para muitos, mas um dia de devoção para muitos outros.

A religião é um assunto pessoal, e embora seja discutível e dê boas piadas não é isso que quero fazer nestas linhas. Aqui eu gostaria de pensar sobre o renovado espaço do santuário e a nova basílica, apresentada nos telejornais, com orgulho, 70 milhões de euros, dinheiro dos fiéis.

Ora bem, quem dá o que é seu não tem nada que prestar satisfações a ninguém, mas também nada me impede de comentar. Por isso o que eu gostava de saber é se quem dá tanto em Fátima o faz no seu dia a dia, por caridade ao próximo, ou se olha para o lado quando vê o carocho, mas oferece um fio de outro à santa.

Mas isto não é o pior. O que para mim é pior é mesmo ver uma instituição como a igreja, que se diz defensora dos que precisam, gastar 70 milhões de euros em ostentação e matar a fome a quem não tem abrigo nada… A igreja ajuda, ajuda e eu reconheço isso, mas ainda há pouco tempo se ouvia o banco alimentar gritar por alimentos que não tem, e gastam-se 70 milhões em obras? Que o governo se esteja cagando para o povo tudo bem, infelizmente é normal e a malta já nem liga, mas que a igreja gaste o que o povo devoto dá para se mostrar, e que depois chame a si a glória de algo que não faz, chateia-me. E ainda têm lata de fazer peditórios na terrinha para as obras da capela, que é antiga e chove lá dentro. Mas a descentralização já chegou à religião? Os milhões que ficam em Fátima todos os anos não podem ajudar nas obras de restauração do telhado da igreja de São Jorge da Murrunhanha?

Mas a religião é intocável, e quem vem de joelhos de bem longe para assistir a uma missa toda catita numa basílica imponente, que o diga. E aqueles que todos os anos morrem pelo caminho o diriam, mas Nossa Senhora distraiu-se, acontece, por alguma coisa foi parar em cima de uma oliveira.


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