Saí à pressa para comprar cebolas, mas quando já estava a dirigir-me à caixa um cheiro fez-me virar a cabeça. No meio de clementinas reluzentes e tangerinas rechonchudas estavam umas tangerinas apelidadas como sendo do Algarve, a custarem menos que todas as outras, de aspecto mais modesto e ainda com alguma rama, mas aquele cheiro foi como um despertador para todas as horas que enquanto miúdo passei no pátio do grupo recreativo do Refúgio, sítio onde morei desde que nasci até que me vim embora para Lisboa. Horas a fio a correr, jogar às escondidas, às apanhadas, à malha, só passar o tempo... tudo se passava ali e era bom. Havia nesse pátio duas tangerineiras e o cheiro era tal e qual aquele que hoje me entrava pelas narinas.Hoje já nenhuma das árvores sobrevive, porque deram lugar a betão e tijolo, uma pena.
Estou cheio de tangerinas até à boca, mas estou feliz.
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