domingo, fevereiro 26, 2012

De ouvir

É costume achar que a maioria das pessoas prefere falar a ouvir. Acredito que seja quase sempre verdade. Mas há sempre excepções, sendo que para se ouvir é preciso quem fale.
Há também muitas vezes a impressão de que se deve saber ouvir pessoas sem que elas tenham que  verbalizar qualquer pensamento. Mas isso é apenas um mito. É preciso se conhecer alguém muito bem para se perceber que essa pessoa precisa de falar, e que o quer fazer, connosco. Se essa proximidade não existir passamos ao ramo da adivinhação, e adivinhar o que os outros querem ou pensam é sempre um péssimo exercício. E quase sempre destinado a fracassos de proporções apocalípticas.

A verdade é que ainda que se conheça alguém o suficiente para se perceber que essa pessoa terá algo a dizer, muitas vezes é preciso um empurrão, ou muito álcool, para que isso aconteça. E nem sempre há possibilidade para isso aconteça de forma natural. Por vezes os ouvidos estão abertos, mas não há som que lhes chegue, e quando acaba por se ouvir alguma coisa quase que parece um eco distante do som originalmente proferido.


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