sexta-feira, abril 17, 2015

Joguinhos de computador

Hoje em dia não sou um gamer, mas já fui algo de parecido. Nunca a nível muito alto, até porque o despertar dos jogos online já me apanhou numa fase adiantada para poder ser um gamer hardcore.
Ainda assim sou alguém que gosta de jogos de computador, e que joga com gosto e vontade tendo a oportunidade. Por isso mesmo e depois de incentivado por amigos que jogam experimentei um dos fenómenos dos Esports (sim, existe tal coisa) o League of Legends (mais conhecido por LOL).
Esta experiência deu-me a conhecer várias realidades para as quais era alheio. E a primeira é que hoje em dia estes jogos são levados a sério por muita gente, movimentam muito dinheiro e enchem pavilhões de gente para assistir a 2 equipas batalhar num espaço virtual. Em segundo lugar que estes jogos são mais do que o corriqueiro "point and click", são jogos de estratégia, muita destreza, que exigem saber uma quantidade de informação tremenda e, acima de tudo, um jogo de equipa perfeito.

Uma das coisas que também me ensinou é que a malta nova de hoje em dia não sabe lidar com a adversidade.
Ao entrar numa comunidade de malta que joga computador à bruta deparei-me com uma faixa etária inferior à minha, não poucas vezes mais de 10 anos mais novos. E o que descobri é que para além da normal má atitude quando perdem ou as coisas lhes correm pior têm uma inacreditável tendência para desistir ao primeiro contratempo. Dos muitos jogos que já disputei com mais 4 jogadores na minha equipa e contra outros 5 desconhecidos poderei, muito provavelmente, contar pelos dedos das mãos aqueles em que, num momento ou noutro, não houve um pedido "oficial" de desistência por um ou mais membros da equipa. Mas o que é mais incrível é que isso acontece mesmo quando estamos "à frente" no jogo, pura e simplesmente, naquele momento perdemos um objectivo com mais ou menos importância e há logo quem queira desistir, porque acha que a vitória já não é possível.
Não poucas vezes esses jogos acabam vitoriosos, assim como jogos em que eu próprio pensei que já estariam perdidos acabaram por ser ganhos. Mas a desistência está presente de uma forma assustadora na maioria dos jogadores, principalmente os que dão a ideia de ser mais novos. Eu jogo há pouco tempo comparado com muita da comunidade, mas ao contrário do que é o sentimento premente em muita gente, aprendi que raramente um jogo está perdido até ter terminado.

Pessoalmente recuso-me a votar a favor de uma desistência, principalmente porque me ensinaram que os jogos acabam no fim e que perder de cabeça levantada faz parte da derrota, e não uma desistência. Mas mais do que apenas uma questão pessoal fiquei espantado pela facilidade com que as pessoas desistem hoje em dia, como não estão habituadas a lidar com a adversidade ou a derrota, e como isso as torna em, não poucas vezes, pessoas más.

Por fim fica-me uma convicção de que num futuro não muito distante, este tipo de "desporto" vai movimentar milhões e mover multidões. E não sei se acho bem ou mal.

1 comentário:

Raquel Vestia Ribeiro disse...

Ainda ontem alguém me dizia: "Se pensares na possível derrota, não ganhas."
Gostei da tua perspetiva do mundo virtual, que na verdade é o real transformado.
O que me assusta mesmo, é depois essas desistências que falas, passaram para a escola, para o trabalho, para a vida pessoal, ou para a Vida.
Mas para além dessas que desistem, existem aquelas que se tornam mais fortes, intelectualmente fortes para lidar com as adversidades diárias, e até de ponto vista global.