quinta-feira, junho 16, 2016

Nunca longe

Há algo de reconfortante, em quando apetece, voltar a este espaço que tão descurado tem estado.
Mesmo quando passo dias e dias a fio sem lhe prestar atenção ele continua cá, calmo e sereno à minha espera, mas sem qualquer ânsia. Se nunca voltar também está tudo bem.

O espaço em branco que figurativamente vai aqui ficando tem cada vez menos importância, principalmente porque hoje em dia já toda a gente escreveu sobre tudo e mais alguma coisa 5 minutos depois de ela acontecer. Não é preciso eu me indignar porque já muitos o fizeram. É quase impossível escrever alguma coisa que alguém, de uma forma ou outra não tenha já escrito também, e provavelmente melhor do que eu o faria.
Já não há falta de estupidez na Internet para que eu tenha que preencher o vazio.

Hoje em dia o espaço online é tudo, e é tudo em segundos. Toda a gente se indigna com tudo e com nada. Todos se ofendem com qualquer merda. Todos se ofendem porque houve quem se ofendesse com um assunto qualquer. Já mete dó.
Não há ponto de vista original e não há originalidade que não seja posta em causa e ofenda alguém.
Na Internet todos são muito maus e desejam tão facilmente a morte de alguém como comem uma pipoca.
Todos são Charlies mas todos acham que há merdas com que não se brinca. Todos "rezam" por Paris mas querem largar bombas sobre "os muçulmanos" sem perceber o quão irónico isso é do ponto de vista religioso.


Talvez por tudo isto e mais alguma coisa tenha menos vontade de escrever por aqui qualquer coisa. Mas como quase tudo na vida os ciclos repetem-se e mais cedo ou mais tarde cá estou eu a "dizer" que ainda estou presente.

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