sexta-feira, janeiro 09, 2009

Eu vi


Vi ontem o Blindness.

Nunca li nada de Saramago. Sim, sou uma vergonha de pessoa e coisa e tal. Até aqui pareceu-me que um gajo que escreve sem pontuação e é aclamado com um grande escritor deve saber muitos podres sobre malta muito importante. Mas após ver este filme fiquei com a ideia de que tenho que ler o Ensaio Sobre a Cegueira, é que o filme impressionou-me bastante.

Já tinha ouvido todo o tipo de opiniões sobre o filme em causa, desde o mais rasgado elogio à mais feroz crítica, curiosamente achei a maior parte das opiniões algo desfasadas porque quase todas elas se baseavam em razões alheias ao filme em si. Uns porque (e esta já é um clássico) dizem que o filme não faz jus ao livro e que é, por isso mesmo, muito fraquinho. Outros dizem que o filme retrata muito mal o que seria a realidade numa situação semelhante (como se alguém conseguisse avaliar algo do género), que trata mal os cegos, que trata mal os que não são cegos... de tudo basicamente.

Pois eu, que ainda não li o livro, acho que o filme é em muitos aspectos um murro no estômago, suponho que esse aspecto seja herdado do livro em que se baseia, e que está bastante bem filmado, num tom pastoso como a própria doença é descrita e num caos visual que me parece retratar de forma visualmente aceitável algo que para quem vê não é possível de imaginar. O ponto mais negativo do filme parecem-me ser os trabalhos dos actores, em que nenhuma representação se destaca, e me parece que há melhores secundários que principais.

Acredito que dificilmente este filme será consensual, e a crítica dividir-se-á em brilhante e uma treta, mas a mim parece-me que a cada um o filme impactará de forma diferente, e com o tempo este filme amadurecerá como um Vinho do Porto e fará mais sentido. Sobre os aspectos sociais e de natureza humana retratados no filme à volta dos quais todo o enredo gira, apenas tenho a dizer que são muito discutíveis, mas que em última análise o visão de um apocalipse não me seja de todo estranha. O ser humano tem, infelizmente, uma maior tendência para a destruição.

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