sábado, março 25, 2017

A nossa hora

Diz que daqui a nada é a hora do planeta.
Cada vez mais sou contra esse nome. O planeta não precisa de uma hora, o planeta não quer saber.

Nos serviços noticiosos durante o dia ouvi dizer que é uma hora "para o planeta", que era uma hora em "pro do planeta", uma hora de "descanso para o planeta", entre outras frases que não passam de chavões palermas sinceramente. Continuamos a tornar a situação mais leve do que ela é com dias que só servem para alguns se sentirem bem porque desligaram as luzes durante uma hora ou foram a um concerto à luz das velas no Parque Eduardo VII mas que às tantas vão de carro para o local em vez de transportes públicos.

É preciso perceber que o planeta está bem, o planeta não precisa de ajuda, o planeta, se pudesse estar qualquer coisa, estar-se-ia a cagar para esta hora, tal como para qualquer outra. O planeta não precisa de salvação. Quem precisa de salvação somos nós. Em Vénus chove ácido sulfúrico, acham que Vénus "tem problemas" com isso? Não. 
A humanidade precisa é da hora/dia/mês/ano/ERA do abre olhos. Um abrir de olhos para o facto de que se não fazê-mos algo, somos nós que eventualmente vamos desaparecer. Somos nós que vamos ter falta de comida, água, ar... o planeta não precisa de nada disso e pode ficar tal e qual Marte, que não deixa de ser o planeta Terra.

Convém não esquecer que se desligarmos as luzes e fizermos alguma outra coisa, a fazê-mos porque é a nossa hora, ou a dos nossos filhos. Somos nós, e eles, que precisamos desta hora e de tudo mais que se possa fazer para que realmente, de forma séria, percebamos que estamos em apuros, e que se achamos que o problema é "do planeta" e não nosso, então estamos a mentir-nos para nos sentirmos menos mal.

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