domingo, agosto 20, 2017

Em braza

Quase três décadas depois a cidade que viu nascer volta a arder de forma incontrolável. Tal como nessa altura os fogos começam durante a noite e de forma "organizada" e quem vê a serra arder fica impotente. A orografia não perdoa mas parece que os culpados ficam sempre perdoados, pela justiça ou pela falta dela.

É com o aperto de quem já viveu momentos iguais que a muitos quilómetros de distância se vê a encosta arder, encosta que mesmo estas três décadas depois não estava ainda recuperada a 100% e agora volta à estaca zero.

O verdadeiramente terrível é que durante estes 27 anos todos sabiam que, eventualmente, o cenário se voltaria a repetir, mas mesmo assim nunca foram tomadas medidas mais sérias para o evitar, ou sendo tal feito quase impossível minimiza-lo ao ponto da insignificância. Mas como sempre, após a tragédia pede-se calma ( o que eu compreendo e até posso apoiar) mas depois esquece-se e fica quase tudo por fazer (e com isto eu já não posso concordar).

Assim sendo, e porque o tempo finito da vida humana não é assim tão longo, a Serra da Estrela passará mais um enorme bocado do meu tempo de vida despida e inerte.
No fundo, pensando bem, vai acabar por passar assim a esmagadora maioria do meu tempo de vida, e isso é imensamente triste.

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